sexta-feira, 25 de maio de 2007

A TRANSIÇÃO PARA A INFRA-ESTRUTURA ABERTA

Ao mesmo tempo em que a tecnologia Internet estava sendo experimentalmente validada e largamente utilizada por um conjunto de pesquisadores da ciência da computação, outras redes e tecnologias de rede estavam sendo criadas. A utilidade das redes computadorizadas - especialmente o correio eletrônico - demonstrada por DARPA e pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos não foi perdida em outras comunidades e disciplinas, e, ainda na década de 1970, redes começaram a aparecer em qualquer lugar que dispusesse de fundos e recursos para isso. O Departamento de Energia dos Estados Unidos estabaleceu a MFENet para seus pesquisadores em energia de fusão magnética e a HEPNet para o grupo de física de alta energia. Os físicos espaciais da NASA seguiram com a SPAN, e Rick Adrion, David Farber, and Larry Landweber estabeleceram a CSNET para a comunidade acadêmica e industrial da Ciência da Computação com um subsídio inicial da NSF-National Science Foundation. A livre disseminação do sistema operacional Unix na AT&T resultou na USENET, baseada no protocolo de comunicação UUCP incluído no Unix, e, em 1981, Ira Fuchs e Greydon Freeman projetaram a BITNET, que ligou os computadores acadêmicos num paradigma do tipo "correio eletrônico como imagens de cartão".
Com a exceção da BITNET e da USENET, estas primeiras redes (incluindo ARPANET) tinham sido construídas para um objetivo específico, isto é, elas foram criadas para, e largamente restritas a, comunidades fechadas de acadêmicos. Havia pouca pressão para que as redes individuais fossem compatíveis e, na verdade, elas não eram. Mais ainda, tecnologias alternativas estavam sendo procuradas pelo segmento comercial, incluindo XNS da Xerox, DECNet e SNA da IBM. Restou à inglesa JANET (1984) e à U.S. NSFNET (1985) programas para explicitamente anunciar seus intentos de servirem à comunidade educacional, não importando a disciplina. Mais, a condição para universidades americanas receberem fundos do NSF era que "a conexão deveria estar disponível para todos os usuários qualificados no campus".
Em 1985, Dennis Jennings, da Irlanda, passou um ano na NSF liderando o programa da NSFNET. Ele trabalhou com a comunidade para ajudar a NSF a tomar uma decisão crítica: que TCP/IP iria ser mandatório para o programa da NSFNET. Quando Steve Wolff chegou à NSFNET em 1986, ele reconheceu a necessidade por uma infraestrutura de rede maior para suportar as comunidades acadêmicas e de pesquisa, além da necessidade de desenvolver uma estratégia para estabelecer esta infra-estrutura independentemente dos recursos federais. Políticas e estratégias foram adotadas para atingir este fim.
NSF também decidiu suportar a infra-estrutura organizacional da Internet da DARPA já existente, hierarquicamente arranjada pelo então Internet Activities Board (IAB). A declaração pública desta opção foi a autoria conjunta pelo grupo de Engenharia e Arquitetura da Internet da IAB e pelo grupo de Assessoria Técnica de Rede da NSF do RFC 985 - Requirements for Internet Gateways, que formalmente assegurou a interoperabilidade entre DARPA e NSF.
Em adição à seleção do TCP/IP para o NSFNET, agências federais norte-americanas fizeram e implementaram várias outras decisões políticas que definiram a Internet de hoje, como segue:
· Agências federais norte-americanas dividiram o custo da infra-estrutura, como os circuitos transoceânicos. Elas também apoiaram os pontos de interconexão para o tráfego entre agências. Federal Internet Exchanges (FIX-E e FIX-W) construídas com este objetivo serviram como modelos para os pontos de acesso da rede e facilidades "*IX" que são características proeminentes da arquitetura Internet de hoje;
· Para coordenar esta participação, foi formado o Federal Networking Council (Conselho Federal de Redes). The FNC cooperou com organizações internacionais como o RARE na Europa, através do Comitê de Pesquisa Intercontinental, para coordenar o apoio da comunidade mundial de pesquisa à Internet;
· Esta participação e cooperação entre agências em assuntos relacionados à Internet tem uma longa história. Um acordo sem precedentes realizado em 1981 entre Farber, representando a CSNET e a NSF, e Kahn, representando a DARPA, permitiu à CSNET compartilhar a infra-estrutura da ARPANET numa base estatística;
· Similarmente, a NSF encorajou redes regionais (inicialmente acadêmicas) da NSFNET a buscar clientes comerciais, expandir seus estabelecimentos para serví-los e explorar as resultantes economias de escala para baixar os custos de subscrição para todos;
· No backbone da NSFNET, o segmento de escala nacional da NSFNET, NSF fez cumprir uma política (Acceptable Use Policy - AUP) que proibiu o uso do backbone para objetivos que não fosssem de suporte à Pesquisa e à Educação. O resultado predizível e desejado do encorajamento de tráfego comercial nos níveis local e regional, enquando proibindo seu acesso ao backbone nacional, foi estimular a emergência e o crescimento de redes privadas e competitivas (como PSI, UUNET, ANS CO+RE e outras mais tarde). Este processo de aumento de redes privadas e auto-financiadas para usos comerciais foi iniciado em 1988 numa série de conferências promovidas pela NSF em Harvard's Kennedy School of Government sob o título "A Comercialização e Privatização da Internet" e na lista "com-priv" da rede;
· Em 1988, o comitê do Conselho Nacional de Pesquisa norte-americano, dirigido por Kleinrock e com Kahn e Clark como membros, produziu um relatório autorizado pela NSF entitulado "Em Direção a uma Rede Nacional de Pesquisa". Este relatório influenciou o então Senador Al Gore e anunciou as redes de alta velocidade que se tornariam a fundação para a superhighway da informação do futuro;
· Em 1994, o comitê do Conselho Nacional de Pesquisa norte-americano, novamente dirigido por Kleinrock e novamente com Kahn e Clark como membros, produziu um novo relatório autorizado pela NSF entitulado "Fazendo Idéia do Futuro da Informação: a Internet e Além". Neste documento, a superhighway da informação foi articulada e tópicos críticos como direitos da pripriedade intelectual, ética, preços, educação, arquitetura e regulamentação da Internet foram discutidos;
· A política de privatização da NSF culminou em abril de 1995, com o fim do subsídio ao backbone da NSFNET. Os fundos recuperados foram competitivamente redistribuídos para redes regionais para compra de conectividade nacional das agora numerosas redes privadas.
O backbone fez a transição entre a rede construída de roteadores da comunidade de pesquisa para equipamentos comerciais. Em seus oito anos e meio, o backbone cresceu de seis nodes com links de 56 Kb para 21 nodes com múltiplos links de 45 Mb. A Internet cresceu para mais de 50 mil redes em todos os sete continentes, com aproximadamente 29 mil redes apenas nos Estados Unidos.
Tal foi o peso do ecumenismo e dos recursos da NSFNET (US$ 200 milhões entre 1986 e 1995) e a qualidade dos protocolos, que em 1990, quando a ARPANET foi desautorizada, TCP/IP tinha suplantado e marginalizado os demais protocolos de rede, e IP estava também se tornando o serviço de sustentação da infra-estrutura da informação global.

Um comentário:

Fer disse...

Olá,
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