sexta-feira, 25 de maio de 2007

A FORMAÇÃO DA COMUNIDADE

A Internet representa tanto uma coleção de comunidades como uma coleção de tecnologias, e seu sucesso é largamente atribuído à satisfação das necessidades básicas da comunidade e à utilização efetiva da comunidade na expansão da sua infra-estrutura. O espírito da comunidade tem uma longa história, começando com a ARPANET. Os pesquisadores da antiga ARPANET trabalharam numa comunidade fechada para conseguirem fazer as demonstrações iniciais da tecnologia de transferência de pacotes descrita anteriormente. Da mesma forma, vários outros programas de pesquisa da ciência da computação promovidos pela DARPA (Packet Satellite, Packet Radio e outros) foram fruto de atividades cooperadas que usavam pesadamente qualquer mecanismo disponível para coordenar seus esforços, começando com o correio eletrônico e acrescentando compartilhamento de arquivos, acesso remoto e WWW. Cada um dos programas formou um grupo de trabalho, começando com o Grupo de Trabalho de Rede da ARPANET. Por conta do papel da ARPANET na infra-estrutura de suporte a vários programas de pesquisa, e com a evolução da Internet, o Grupo de Trabalho de Rede se tornou o Grupo de Trabalho da Internet.
No final da década de 70, reconhecendo que o crescimento da Internet foi acompanhado pelo crescimento em tamanho da comunidade de pesquisa interessada na Internet e que, portanto, havia uma necessidade maior de mecanismos de coordenação, Vint Cerf, então gerente do Programa Internet da DARPA, formou vários grupos de coordenação:
· um Conselho de Cooperação Internacional (ICB-Internet Cooperation Board), presidido por Peter Kirstein da UCL, para coordenar as atividades com alguns países europeus envolvidos no programa Packet Satellite;
· um Grupo de Pesquisa Internet (Internet Research Group), para prover um ambiente para a troca geral de informações sobre a Internet;
· e um Conselho de Controle de Configuração da Internet (ICCB-Internet Configuration Control Board), presidido por Clark. O ICCB iria assessorar Cerf na gerência da florescente Internet.
Em 1983, quando Barry Leiner passou a gerenciar o programa de pesquisa da Internet na DARPA, ele e Clark reconheceram que o crescimento contínuo da comunidade Internet demandava uma reestruturação dos mecanismos de coordenação. O ICCB foi então substituído por forças-tarefa, cada uma focalizando uma área particular da tecnologia (roteamentos, protocolos ponta-a-ponta, etc.). O IAB, então chamado Internet Activities Board ou Conselho de Atividades Internet, foi então formado com os presidentes das forças-tarefa. Foi uma coincidência que esses presidentes fossem os mesmos do antigo ICCB e Dave Clark continuou a presidí-lo. Depois de algumas mudanças no IAB, Phill Gross se tornou o presidente da revitalizada IETF-The Internet Engineering Task Force (Força-Tarefa da Engenharia da Internet), naquele tempo apenas uma das forças-tarefa do IAB. Em 1985 então, houve um tremendo crescimento no lado prático/da engenharia da Internet. Este crescimento resultou na explosão dos comparecimentos nas reuniões do IETF, e Gross teve que criar uma sub-estrutura do IETF na forma de grupos de trabalho.
Este crescimento foi complementado por uma grande expansão da comunidade. DARPA então tinha deixado de ser o maior financiador da Internet. Além da NSFNet e de várias atividades financiadas pelos governos americano e internacionais, o segmento comercial começou a se interessar pela Internet. Também em 1985 Kahn e Leiner deixaram a DARPA que não vinha conseguindo manter seu ritmo de atividades Internet. Como resultado, o IAB perdeu seu patrocinador e progressivamente assumiu o papel de líder na Internet.
O crescimento da Internet continuou, resultando em nova sub-estruturação do IAB e do IETF. O IETF combinou Grupos de Trabalho em Áreas, e designou Diretores de Áreas. Um Grupo Diretivo de Engenharia da Internet ou a O crescimento do setor comercial trouxe uma crescente preocupação em relação ao próprio processo de standards Internet. A Internet tinha crescido muito além de suas raízes primárias de pesquisa, passando a incluir uma grande comunidade de usuários e atividades comerciais cada vez maiores. O processo deveria ser aberto e justo. Esta preocupação, acompanhada da necessidade reconhecida de suporte da comunidade da Internet, eventualmente levou à formação da Internet Society em 1991, com o patrocínio da CNRI-Corporation for National Research Initiatives de Kahn e a liderança de Cerf, então com a CNRI.
Em 1992, outra reorganização foi feita de forma a reorganizar o IAB e renomeá-lo Internet Architecture Board (ou Conselho de Arquitetura da Internet) e a colocá-lo sob o comando da Internet Society. Uma relação de mesmo nível foi definida entre o novo IAB e i IESG, com o IETF e o IESG tendo uma maior responsabilidade na aprovação dos standards. Principalmente, uma relação cooperativa e mutuamente apoiadora foi formada entre o IAB, o IETF e a Internet Society, com a Internet Society tomando como objetivo a provisão do serviço e outras medidas que iriam facilitar o trabalho do IETF.
O recente desenvolvimento e uso da World Wide Web (WWW) formou uma nova comunidade, já que muitos dos que trabalham com a WWW não são pesquisadores ou desenvolvedores. Uma nova organização coordenadora foi formada então: o W3C-World Wide Web Consortium. Inicialmente liderado pelo laboratório para a Ciência da Computação do MIT, por Tim Berners-Lee (o inventor do WWW) e Al Vezza, W3C tomou a responsabilidade de evoluir com vários protocolos e padrões associados com a Web. Assim, através das duas décadas da Internet, nós temos visto uma estável evolução das estruturas organizacionais desenhadas para suportar e facilitar uma sempre crescente comunidade trabalhando colaborativamente em assuntos ligados à Internet.

Nenhum comentário: